3 Razões para jogar Yakuza

Sabem como é que descobrem que uma pessoa já visitou o Japão? Não precisam de perguntar, ela vai-vos dizer.

Nos idos de 2018 consegui a muita antecipada viagem às terras do sol nascente e a única coisa que me desapontou foi o facto de ter conseguido lá ficar 15 dias. O país é deveras fantástico e altamente recomendado como visita. Tem tanta coisa para explorar que uns meros 15 dias não chegam sequer para ver os pontos turísticos obrigatórios, quanto mais explorar a extensa cultura culinária do país ou os inúmeros outros pontos de interesse.

Mas o que é que tem esta minha carta de amor ao Japão a ver com o título deste artigo? Pois bem, o ano é 2020 e eu tinha voos marcados para ir uma segunda vez às terras nipónicas mas, como podem calcular, isso não aconteceu. Em contrapartida meti-me a jogar a saga Yakuza da Sega e achei que era boa ideia dar-vos algumas razões pelas quais vocês deviam também olhar para aquele que já foi chamado do GTA Japonês.

1. A comida, as bebidas e as vistas

Desde a neve de Sapporo em Hokkaido, Norte do Japão até às praias de Okinawa, passando pelas ruas do famoso Dotonbori, Osaka e terminando na cidade mãe da série, Kamurocho (uma cidade fictícia inspirada pelo famoso Golden Gai de Shinjuku, Tokyo), os jogos da saga levam-nos numa viagem pelos quatro cantos do país.

Pelo caminho vamos tendo o prazer de levar o nosso personagem a comer doses industriais de todos os tipos de comida disponíveis por aquelas terras. Desde os mais recônditos buracos onde se come o melhor Ramen até às grandes cadeias de sushi ou o belo Yakiniku e BBQ Coreano. Pelo caminho somos acompanhados por um product placement intensivo da Suntory com os seus Whiskys famosíssimos como o Hibiki ou Yamazaki, sem esquecer o café em lata BOSS ou a limonada C.C. Lemon.

Nada como, entre sessões de pancadaria da meia noite, parar num Isakaia para gastar uns ienes virtuais numa galinha Karaage (galinha frita) acompanhada de um belo Highball (Whiskey Soda).

Mas não só de turismo virtual é feita esta série, existe também outro grande factor a multiplicar o tempo de jogo sempre que nos decidimos sentar a jogar mais um pouco.

2. Os mini jogos

Falo claro do sem número de mini jogos disponíveis dentro do jogo e que, por vezes, são bem melhores do que muitos jogos à venda por 60 ou 70 euros.

Desde as arcadas Club SEGA que se encontram no mapa onde podem encontrar grandes clássicos como Super Hang-On, Outrun, Virtua Fighter ou Taiko no Tasujin, até aos autênticos jogos completos que são o Clan Creator ou o Cabaret Club, existe de certeza um mini jogo que vos vai cativar ao ponto de ultrapassar as horas dedicadas ao jogo principal.

Nem todos os mini jogos são fantásticos claro, eu pessoalmente quase tenho vontade de atirar o comando pela janela se for obrigado a jogar o mini jogo de basebol, mas a complexidade e atenção dedicada a coisas como o Mahjong ou o Shogi humilham alguns dos jogos completos dedicados ao tema.

Pessoalmente sou um grande fã do mini jogo do Yakuza 5 onde temos de desenvolver uma certa personagem como ídolo da pop japonesa (ou não fosse eu fã de iDOLM@STER) e o inigualável Cabaret Club mini game do Yakuza 0 e posteriormente Kiwami 2. Este último segue muitas dos clichés comummente associados aos jogos móveis com rolls para obter novas unidades que depois colocamos em jogo num mini jogo onde temos de escolher a anfitriã certa para cada cliente de forma a fazê-los gastar mais e mais dinheiro em bebidas. É um jogo extremamente simples mas de tal forma viciante que devo ter perdido tanto tempo nele como perdi a fazer a história dos respectivos jogos.

3. A história

E falando de história essa não ficou obviamente esquecida. Yakuza, como o nome dá ideia, conta-nos uma série de histórias relacionadas com o submundo do crime japonês profundamente romantizadas e inspiradas pelos muitos filmes do cinema asiático (quer Japonês, quer de Hong Kong).

Ao longo dos 8 jogos actualmente existentes (com um 9º a sair no final de 2020) seguimos a viagem de Kazuma Kiryu, um homem honroso que ao longo dos jogos procura sair do Tojo Clan e reformar-se mas que acabava vezes e vezes sem conta a ser puxado de volta para salvar a sua velha família.

Pelo caminho vamos ter traições, reviravoltas, mortes dramáticas e muitas batalhas sem camisa para exibir as impressionantes tatuagens dos personagens. Tudo isto com uma atenção dada à cinematografia e às animações faciais dos personagens que colocam muitos outros jogos supostamente AAA a um canto. E tudo isto envolvido num combate muito reminiscente dos jogos Batman: Arkham.

[Nota: dada a idade dos jogos é bem mais provável que WB e a Rocksteady se tenham inspirado na SEGA do que ao contrário.]

No final de contas Yakuza é um jogo que se começa a jogar pelo autêntico exercício anti-stress que é o combate, se continua a jogar para descobrir a próxima reviravolta no argumento mas onde nos distraímos durante horas a fio para jogar jogos clássicos nas arcadas, apanhar uns comes e bebes virtuais e no final de tudo ir gastar umas horas a gerir um clube na noite de Osaka.

E no final disto tudo ficamos com ainda mais vontade de ir passear ao Japão. Ora bolas! Bom, que remédio não é? Lá temos de continuar a planear aquela viagem para o pós-pandemia então.

Para quem estiver interessado em jogar esta saga podem encontrar todos os 8 jogos disponíveis na PS4 (Yakuza 0, Yakuza Kiwami 1 e 2, Yakuza 3, 4, e 5 HD Remaster, e Yakuza 6).

No Steam e na XBox One podem encontrar os 3 primeiros jogos da série cronologicamente falando (Yakuza 0, Kiwami 1 e 2). E com estes 3 jogos a estarem disponíveis gratuitamente no Gamepass não há grande desculpa para não experimentarem pelo menos. Prometo que não se vão arrepender.