Root Film

Yagumo Rintaro é um jovem realizador de filmes sobrenaturais em busca da sua grande oportunidade. Quando um productor de televisão da TV de Shimane entra em contacto com ele para participar no recomeçar de um drama televisivo que havia sido cancelado há 10 anos, uma série de misteriosas mortes começam a surgir à sua volta e Yagumo, na sua infindável curiosidade, não vai conseguir deixar de tentar descobrir quem são os culpados.

Riho é uma actriz que procura também ela encontrar aquele papel que a vai tornar numa super estrela. Em conjunto com a sua produtora Manabe Shoko, vão também elas ver-se envolvidas em misteriosas mortes e ver-se no papel de detectives ao bom estilo de um Poirot ou Sherlock Holmes.

Duas historias distintas. Um grande mistério por resolver: o que aconteceu para cancelar aquele projecto faz 10 anos? Descobrir isso é a raiz deste filme.

Root Film é o segundo jogo a sair desta série da Kadokawa Games que se propõe a misturar Visual Novels com os jogos clássicos de aventuras gráficas. O primeiro jogo, Root Letter, levou-nos a desvendar o mistério do desaparecimento de uma rapariga com quem o nosso protagonista se costumava corresponder e que subitamente desapareceu. Desta feita o mistério é perceber porque é que o já mencionado projecto televisivo foi cancelado com quase nenhuma informação do seu porquê.

Não se deixem enganar no entanto pela alegoria às clássicas aventuras gráficas. Aqui ninguém tem de combinar um pedaço de cordel com uma galinha para passar um precipício. O desvendar dos puzzles é mais uma batalha de palavras com os diferentes suspeitos dos assassinatos investigados. Ambos os personagens principais (Riho e Yagumo) possuem um “poder” (que o jogo chama de Sinestesia) de percepcionar e decorar frases chave que ouvem para mais tarde atirar aos seus adversários de debate em momentos que fazem lembrar a saga Ace Attorney.

Pelo caminho somos brindados com uma autentica visita guiada por alguns dos pontos turísticos mais interessantes da prefeitura de Shimane que está situada a norte de Hiroshima, no sul da ilha de Honshu (a maior e mais populosa ilha do Japão).

Alguém fez algo que não devia

A história em si é bastante curta com cerca de 15h para completar a totalidade da mesma. Ao contrario do seu antecessor (Root Letter) não temos aqui múltiplos finais para desbloquear com a totalidade do enredo a desenrolar-se linearmente com um e apenas um destino final. Apesar do jogo nos apresentar um mapa onde somos convidados a ir a diferentes sítios da região para falar com as mais diversas pessoas e investigar os mais diversos pontos do ecrã, a história desenrola-se sempre da mesma maneira sendo habitualmente bastante óbvio para onde nos temos de dirigir a seguir para progredir no jogo.

Se por um lado esta decisão remove as estranhas mudanças de direcção que afligiram o primeiro jogo, onde a justificação do que se passava mudava entre sobrenatural ou não mediante o final que escolhíamos. Por outro lado isto faz com que, depois de vistos os créditos finais, não haja mais nada para fazer. Somos presenteados com um pequeno filme que serve de epilogo (demasiado curto no meu entender) e desbloqueamos uma pequena conversa extra entre os personagens (que serve apenas de pausa cómica) e o já tradicional modo de galeria onde podemos rever toda a arte do jogo. Isto faz com que, jogado uma vez, eu tenha colocado o jogo na prateleira e nunca mais lhe tenha pegado sem ser para tirar umas imagens para esta review.

E é uma pena que assim seja. Os personagens são interessantes e não é todos os dias que temos uma versão vídeo-jogo das clássicas novelas de mistério ao bom estilo Agatha Cristie e afins.

Quanto aos mistérios em si são todos relativamente simples mas justos. A historia nunca decide quebrar as regras de um bom mistério (o culpado está sempre entre os personagens que conhecemos, nenhuma justificação é sobrenatural, o detective nunca é o culpado, etc, etc, etc…) e, talvez um pouco por causa disso, é relativamente fácil antecipar quais vão ser os twists de cada um dos capítulos. Não deixa de entreter como lhe compete, no entanto, e o jogo reserva algumas revelações para os seus momentos finais que re-contextualizam acontecimentos anteriores de uma forma à qual eu tenho de lhe tirar o chapéu.

Root Film está disponível na Playstation 4 e na Switch. Eu pessoalmente joguei o jogo na Switch porque prefiro este tipo de jogos numa consola portátil onde posso ler calmamente no sofá ou na cama ao fim do dia mas se forem adeptos de troféus há sempre esse pequeno extra na consola da Sony.

Veredicto: No final de contas este é um jogo simples que não vai ocupar muito tempo mas que é bastante agradável de jogar. Se estão curiosos sobre o género Visual Novel diria até que é um excelente ponto de partida: é curto, não tem nenhuns elementos eróticos e o foco numa historia clássica de detectives é no mínimo refrescante num género onde as comédias românticas parecem ser rainhas. Recomendado (mas esperem por uns descontos).

Classificação: 4/5 Nonsenses

  • Yagumo & Magari
  • A prefeitura de Shimane
  • Introdução de um capitulo
  • Riho
  • Castelo de Matsue
  • Riho & Shoko