5 JRPGs para sobreviver à pandemia

Com o mundo ainda maioritariamente fechado em casa que melhor altura do que agora para nos sentarmos com uma bebida ao nosso lado e um comando na mão preparados para uma aventura épica com tempos de jogo medidos nas dezenas ou centenas de horas?

Se esta proposição vos parece interessante e, como eu, são daquela espécie em vias de extinção que aprecia levar o seu tempo a pensar em qual ataque usar no próximo turno continuem a ler que tenho 5 dos meus favoritos na categoria de JRPGs que estão disponíveis para os PCs e consolas da geração actual.

Tokyo Mirage Sessions #FE Encore

Tokyo Mirage Sessions #FE Encore

O que é que resulta quando a Nintendo e pede à Atlus para pegar em Fire Emblem e misturar com Shin Megami Tensei? Uma história sobre adolescentes a tentarem entrar no mundo do entretenimento japonês enquanto lutam em batalhas contra seres de outra dimensão para salvar o mundo a cantar J-Pop pelo caminho…

Oi? *verifica notas* Não, é mesmo isso… 

Tokyo Mirage Sessions #Fe Encore (para além do nome grande e complicado) foi um jogo originalmente lançado para a malfadada Nintendo Wii U feito pela ATLUS (Shin Megami Tensei, Persona, Catherine) usando algumas personagens da série Fire Emblem como inspiração e pouco mais. O resultado final é uma história que bebe profundamente do mundo do entretenimento pop japonês com imenso J-Pop ao barulho e com uma história onde o poder da música acaba por derrotar o mal ao bom estilo de especial de domingo á tarde dos anos 80.

Mecanicamente o jogo vai buscar muito mais inspiração à popular série Persona do que outra coisa com o combate a desenvolver-se por turnos que vão alternando entre os 3 personagens que compõem a nossa party intercalados com os inimigos com uma barra lateral a indicar quem vai ter o próximo turno. Os ataques em si possuem 3 tipos de ataque físico e vários tipos de ataques elementais (fogo, vento, gelo, etc) com cada inimigo a ter as suas fraquezas e resistências que são essenciais explorar para vencer batalhas.

Atingir fraquezas oferece turnos extra e permite eventualmente criar “encores” onde outros personagens da party, ou mesmo em standby, entram em jogo para encadear ataque atrás de ataque levando a um crescente número de combos.

Quem jogou alguma das iterações da série Persona vai estar completamente em casa com o combate e exploração de TMS#FE tal como com a história que vê os nossos personagens principais lutarem pelo destino do planeta e da humanidade ao mesmo tempo que aprendem a ser cantores e actores no mundo real, sem nunca esquecer os obrigatórios momentos de interacção social com os outros elementos da equipa para aprofundar relacionamentos e assim receber power ups em combate.

TMS#FE é um autêntico banho de imersão no mundo das vedetas do pop japonês sob formato de um JRPG de digestão fácil. Com a excepção de um ou outro boss as batalhas nunca apresentam muita dificuldade e é relativamente simples desbloquear tudo no jogo sem grandes chatices e a história está recheada de optimismo do princípio ao fim, uma lufada de ar fresco num mundo onde parece ser obrigatório introduzir drama e escrever enredos sombrios.

Plataformas: Nintendo Wii U (original) / Nintendo Switch (encore)
Editora: Nintendo
Estúdio: Atlus

Digimon Story: Cybersleuth

Digimon Story: Cybersleuth

Num dia de verão começou, a aventura mais inesperada, dos nossos sete heróis no mundo dos digimons…

Bom, desta vez não temos sete heróis nem sequer vamos para o mundo dos digimons porque este Cybersleuth passa-se num futuro não muito distante nas ruas de Tokyo onde o mundo digital começa a misturar-se com o real e onde fazemos parte de uma agência de detectives que resolve mistérios que envolvem os titulares digimons a causar problemas no dia a dia dos seus habitantes.

Esqueçam tudo o que se lembram da série de TV da nossa infância porque, tirando os digimons em si, nada dessa história é reutilizado aqui. Em contrapartida somos presenteados com um jogo que vai buscar mecânicas mais próximas de Pokémon do que outra coisa.

Coleccionar Digimons, montar as nossas equipas e escolher os ataques certos para acertar nas fraquezas elementais dos adversários é o nome do jogo aqui e digievoluir os nossos companheiros para ganhar novos ataques e desbloquear novos caminhos na árvore evolutiva rapidamente se torna num vício. Não pensem no entanto que essas árvores evolutivas são simples linhas pois cybersleuth apresenta-nos mesmo árvores e por vezes é preciso voltar atrás na árvore para conseguir os pontos necessários para desbloquear um outro caminho.

O combate em si processa-se por turnos e podemos controlar equipas de múltiplos Digimons ao mesmo tempo enquanto a exploração se divide entre localizações reais como a mítica Nakano Broadway em Tokyo onde a base de operações do nosso personagem principal se situa e o mundo de realidade virtual que permeia toda a sociedade.

A história em si anda à volta de uma misteriosa doença que está a deixar pessoas em coma bem como os digimons que surgem nos mais diversos sistemas digitais a causar problemas aqui e ali. A nossa personagem principal é muda mas dotada de um sem número de expressões corporais que a dotam de uma personalidade rara neste tipo de abordagens e a banda sonora de Takada Masafumi (Danganronpa, Killer7, No More Heroes) é absolutamente deliciosa e polvilhada com aquele tipo de faixas que nos deixam a cantarolar o resto do dia.

No fim do dia este Cyber Sleuth (e a sua expansão/sequela Hacker’s Memory) é um jogo brilhante que pode facilmente ter sido ignorado por muitos pela sua associação à franchise Digimon mas que, depois de experimentarem, vão ver que sobrevive bem pelos seus próprios méritos e é um dos melhores exemplos de JRPGs dos últimos anos.

Plataformas: Playstation 4, Playstation Vita, Nintendo Switch, PC
Editora: Bandai Namco
Estúdio: Media.Vision

Tales of Vesperia: Definitive Edition

Tales of Vesperia: Definitive Edition

Lançado nos idos de 2008 exclusivamente para a XBox 360 (fora do Japão), esta 11ª iteração da saga Tales of da Bandai Namco é por muitos considerado como o melhor jogo da série e durante anos foi quase impossível de obter uma cópia do mesmo sem ser através do serviço online da Microsoft. Mais do que isso, era também impossível obter a segunda edição do jogo que havia sido lançada para a Playstation 3 no Japão em 2009 com conteúdos extra.

Era impossível de a obter até 2019 quando a Bandai Namco lançou esta versão definitiva para todas as plataformas possíveis com todo o conteúdo da edição PS3 incluído e áudio em japonês e inglês (incluindo novas adições à excelente dobragem original).

A história leva-nos para o mundo de Terca Lumireis onde os seus habitantes dependem de dispositivos chamados Blastia para alimentar o seu dia a dia – seja para iluminação, água potável ou defesa contra os monstros que vivem fora das povoações. A história em si vive á volta de Yuri, um rapaz que vive nas zonas pobres da capital do Império e que um dia se vê envolvido com a princesa Estelle quando esta foge do palácio. Pelo caminho vão descobrir a verdade por trás das Blastias e o problema que estes dispositivos deixados para trás por uma avançada raça do passado causam ao planeta e aos seres que neles vivem.

No que toca ao combate temos os clássicos sistemas da saga refinados com os ataques a estarem ligados ao equipamento que equipamos mas podendo ser aprendidos com o tempo. O sistema em si processa-se em tempo real com cada direcção do gamepad combinada com um dos botões do comando a despoletar um ataque diferente. Combinar ataques entre si leva a crescer um contador de combo e eventualmente torna-se possível disparar fortes ataques especiais que dão quantidades superiores de dano. É um sistema rápido e frenético fácil de perceber e dificil de dominar.

Fora do combate temos um mundo no estilo JRPG clássico onde saltamos entre as cidades, vilas e demais dungeons para um mundo geral onde podemos caminhar entre eles evitando os monstros visíveis no mapa.

Vesperia é possivelmente o ponto mais alto que um JRPG tradicional alguma vez consegui chegar e tem ainda por cima um enredo de personagens memoráveis e onde é difícil escolher apenas um favorito ou achar que qualquer um deles é menos bom. O combate é divertido e o mundo tem muito por onde explorar. O sistema de skits típico da saga acrescenta quantidades inigualáveis de charme ao nosso tempo com os personagens e como todos os jogos da série possuem histórias individuais e desligadas do resto não há entrave nenhum a novos jogadores. Bem pelo contrário, Vesperia é possivelmente um dos melhores pontos de entrada na série! Altamente recomendado.

Plataformas: Playstation 4, XBox One, Nintendo Switch, PC
Editora: Bandai Namco
Estúdio: Tales Studio

The Legend of Heroes: Trails of Cold Steel 3

Trails of Cold Steel III

Primeiro que tudo tenho de mencionar uma coisa que vai soar um pouco estranha: não recomendo de todo que comecem por esta terceira iteração do jogo. O número 3 no título não é por acaso e tentar jogar esta sequela sem primeiro conhecer a história dos jogos anteriores é meio caminho andado para não perceber nada do que está a acontecer e não saber apreciar o culminar do trabalho de quase duas décadas deste pequeno estúdio nipónico.

Dito isto deixem-me então explicar porque é que esta saga é algo que absolutamente têm de colocar na vossa lista.

Trails of Cold Steel 3 é o oitavo jogo na saga Trails do pequeno estúdio Nihon Falcom (não confundir com o Tales mencionado acima. Sim, é confuso 😅) e é o culminar de múltiplos enredos que têm vindo a ser meticulosamente preparados pelo estúdio desde o primeiro jogo da série, Trails in the Sky lançado nos idos de 2004 para PC no Japão e com uma localização para a PSP no ocidente em 2011.

A história leva-nos para a parte ocidental do continente fictício de Zemuria onde vamos explorar o reino de Liberl (Sky), o estado independente de Crossbell (Zero/Ao, infelizmente nunca localizados oficialmente) e por fim o império de Erebonia (Cold Steel). O continente em si está num estado de fluxo nos primeiros anos da chamada “revolução Orbal”, algo que é mais ou menos equivalente à revolução industrial do nosso mundo real mas a um ritmo acelerado e baseado na energia “Orbal” que é extraída de pedras preciosas e que alimenta a tecnologia toda do mundo.

Graças a isto o mundo está rapidamente a mudar de uma sociedade feudal pré-moderna para uma onde transporte aéreo ou ferroviário se tornam algo do dia a dia e com isso a situação geo-política vai perdendo a sua estabilidade à medida que novos tipos de armamentos vão sendo desenvolvidos.

Trails of Cold Steel II

Em Cold Steel seguimos a história de Rean Schwarzer, o filho de um Barão das regiões mais remotas do império e que, ao atingir a adolescência, entra na academia militar de Thors onde espera descobrir-se a si próprio e qual deve ser o seu papel na vida. Pelo caminho vai conhecer o resto dos membros da classe VII e juntos vão ser levados pelos seus estudos aos mais diversos pontos do Império onde vão ser confrontados com o clima de tensão social existente entre os nobres que procuram manter o seu modo de vida de séculos e os reformistas que procuram avançar a sociedade do império e torná-la mais adaptada aos tempos modernos. Pelo caminho vão ser confrontados por ataques terroristas daqueles que desgostam do império ou pelas maquinações da sociedade de Ouroboros, um grupo misterioso que tem causado incidentes estranhos um pouco por todo o lado ocidental do continente.

Neste terceiro capitulo 2 anos passaram desde o início dos eventos do primeiro jogo da sub-série (CS1) e Rean é agora professor no novo campus secundário e Thors num império profundamente diferente depois dos eventos resultantes do que se passou durante o segundo jogo da série. Pelo caminho vamos ser confrontados com os efeitos do final da segunda sub-série do jogo (a saga de Crossbell vista nos jogos Zero no Kiseki e Ao no Kiseki, nunca traduzidos) e vai também encontrar alguns dos personagens da primeira sub-série (Trails in the Sky).

Para dar um paralelo com o mundo do cinema, é justo dizer que este CS3 (e o futuro CS4 previsto para o final de 2020 no ocidente e com o mui apropriado subtítulo “The End of Saga”) é o equivalente ao Avengers: Infinity War e é quiçá o maior evento crossover da história dos videojogos! Tal como ver Inifinity War sem conhecer o resto do universo cinemático da Marvel seria um erro, jogar CS3 sem jogar o que está para trás seria igualmente mal jogado.

Como tal a minha sugestão é que peguem no primeiro Trails of Cold Steel (disponível para PC, PS4, PS3 ou PS Vita) e que o joguem primeiro. Jogá-lo não estraga (muito) das surpresas dos jogos anteriores e, dado ser relativamente moderno, é bastante acessível em termos de jogabilidade e de interface pelo que serve como uma boa introdução à série.

Trails of Cold Steel

No que toca ao combate, a série Trails possui novamente um sistema de combate por turnos com um misto de ataques físicos, magias e outros ataques mais potentes chamados “s-crafts”. As mecânicas variam bastante subsérie para subsérie e de jogo para jogo mas na sua base mantém-se sempre o sistema por turnos com uma barra do lado esquerdo a indicar a ordem dos turnos, ordem essa que pode ser manipulada pelas diversas habilidades e ataques dos personagens. Existem fraquezas elementais e um sem número de efeitos que se podem aplicar aos personagens (envenenamento, confusão, etc) e todos os personagens possuem S-Crafts, ataques poderosos que (uma vez carregados) podem ser disparados a qualquer momento independentemente de ser o turno desse personagem ou não e cujo seu uso correcto muitas vezes significa a diferença entre a vitória ou a derrota.

A dificuldade do combate varia entre o brutalmente difícil em alguns dos jogos mais antigos para o ridiculamente fácil e fácil de abusar em alguns dos jogos mais recentes mas quem joga trails habitualmente joga pela história e pelos seus inesquecíveis personagens mais do que outra coisa.

Com personagens secundários com mais personalidade e detalhe do que alguns personagens principais em outros jogos, Trails é um épico digno do nome e altamente recomendado. Só não comecem por este que, apesar de ser claramente o melhor jogo da saga até hoje, é genuinamente só para os fãs.

Legend of Heroes: Trails in the Sky FC/SC
Plataformas: Playstation Portable, PC
Editora: XSeed Games
Estúdio: Nihon Falcom

Legend of Heroes: Trails in the Sky – the 3rd
Plataformas: PC
Editora: XSeed Games
Estúdio: Nihon Falcom

Legend of Heroes: Zero no Kiseki
Plataformas: Playstation Portable, PC, Playstation Vita (Evolution), Playstation 4 (Kai)
Editora: Nihon Falcom
Estúdio: Nihon Falcom

nota: apenas disponível no Japão mas pode ser comprado online via dlsite.com e existe um excelente patch feito por fãs do grupo Geofront.

Legend of Heroes: Ao no Kiseki
Plataformas: Playstation Portable, PC (Chinês), Playstation Vita (Evolution), Playstation 4 (Kai)
Editora: Nihon Falcom
Estúdio: Nihon Falcom

nota: apenas disponível no Japão. Existe no entanto um patch algures pela Internet para a versão PSP e para a versão PC que saiu exclusivamente nos mercados de língua chinesa. O Grupo de fãs Geofront anunciou recentemente que está a trabalhar num patch para este jogo.

Legend of Heroes: Trails of Cold Steel 1/2
Plataformas: Playstation 3, Playstation Portable, Playstation 4, PC
Editora: XSeed Games (PS3, PSP, PC) / Marvelous (PS4)
Estúdio: Nihon Falcom

Legend of Heroes: Trails of Cold Steel 3
Plataformas: Playstation 4, Nintendo Switch, PC
Editora: NIS America
Estúdio: Nihon Falcom

Persona 5: The Royal

Persona 5: The Royal

Brilhante, com um sentido de estilo impecável e absolutamente imprescindível são palavras que caiem que nem uma luva no Persona 5 lançado (no Ocidente) em 2017. Persona 5 Royal, a versão melhorada e expandida lançada pela Atlus em 2020, é ainda melhor!

101 horas e 35 minutos foi o tempo registado quando gravei o jogo pela última vez ao acabar este Persona 5 Royal e nunca um jogo me deu tanto gozo de acabar completamente do princípio ao fim. Desde a banda sonora cujas novas músicas elevam o já brilhante trabalho do original a novos patamares com o seu Acid Jazz inconfundível até aos pequenos ajustes às mecânicas que tornam um sistema de combate já bastante polido em algo que consegue sair completamente do caminho e remove quase na totalidade a fricção entre pensar numa acção e executá-la. Adicionemos a isso cerca de 30 novas horas de jogo com um novo semestre inteiro, novos personagens para conhecer aliado a uma dose de melhorias a alguns dos pontos mais fracos das mecânicas e história do original e temos um resultado final que transforma aquele que foi dos melhores jogos desta geração de consolas numa obra prima.

Persona 5 segue a história de um adolescente que é injustamente acusado de um crime que não cometeu e, estando em liberdade condicional, tem agora de se mudar para Tokyo para a única escola que o decidiu aceitar. Aí vai descobrir que tem o misterioso poder de entrar nos palácios da mente e mudar o coração daqueles que viram as suas emoções distorcer-se. Pelo caminho vai juntar-se com outros, formar os Phantom Thieves of Hearts e lutar por um mundo melhor. Durante o dia vai ter de ir às aulas e nos tempos livres vai conhecer outras pessoas e formar amizades que o vão ajudar a melhorar as personas que usa para combater.

As mecânicas de Persona não mudam muito desde a terceira iteração nos idos de 2006 e têm vindo a ser refinadas desde então. O combate acontece por turnos onde controlamos um grupo de 4 Phantom Thieves que têm à sua disposição um conjunto de ataques físicos, uma pistola e as suas personas que possuem ataques elementais (fogo, gelo, etc). O objectivo passa por encontrar as fraquezas do adversario e explora-las para conseguir turnos extras e dano ampliado. O personagem principal é especial e tem o poder de ter mais do que uma Persona sendo novas personas obtidas forçando as Sombras encontradas nas dungeons a negociar para se juntarem a nós ou fundindo duas ou mais das personas que já temos na nossa posse.

Quanto à história esta desenvolve-se seguindo uma série de eventos onde os nossos heróis se veem forçados pelo seu sentido de justiça a mudar o coração de alguém antes de uma data limite onde as acções dessa pessoa os podem colocar em perigo (seja revelando o seu segredo como Phantom Thieves seja algo mais dramático). Essa mudança de coração dá-se chegando ao fim dos anteriormente mencionados palácios onde uma série de Sombras (o nome dado aos seres sobrenaturais que ocupam estes palácios) e os mais variados puzzles servem como mecanismo de defesa do tesouro que está no coração de cada um dos alvos.

Mas nunca é demais exaltar o sentido de estilo de Persona 5: das fluidas e brilhantes animações que polvilham os menus do jogo à banda sonora num Jazz alucinado que facilmente nos coloca a escolher opções de batalha em compasso com a música até ao meticuloso trabalho da equipa da Atlus em reproduzir fielmente partes de Tokyo como Shibuya e Shinjuku por onde passamos umas atrás das outras usando os comboios dessa mega metrópole.

Comboios esses que não são meramente um floreado estilístico mas também uma das metáforas usadas numa das principais ideias que o jogo quer fazer passar e que se focam na vivência em sociedade e no conforto de nos deixarmos guiar pela opinião dos outros na multidão. Persona 5 não peca no entanto pela subtileza na sua história (na realidade, nenhum dos jogos da série alguma vez o foi) e o facto de um dos personagens do jogo se chamar Shido e ser um político a caminho do cargo de primeiro ministro do Japão é por demais óbvio quando considerarmos quem é o primeiro ministro japonês na realidade e na forma controversa como a sua carreira sempre se desenvolveu, especial durante os anos em que o jogo esteve em desenvolvimento (maioritariamente pós-2011 já que a história foi toda reescrita como reacção ao grande terramoto desse ano).

Não se deixem enganar: o jogo original era brilhante mas à luz deste Royal parece agora inacabado. As alterações podem não ser estar sempre 100% bem integradas na história original (inevitável para algo deste género) mas essas ocasiões são tão poucas e o conjunto final tem tantas melhorias quer a nível da história quer a nível das mecânicas de jogo que se torna mesmo muito difícil conseguir voltar à obra de 2017.

Resumindo Persona 5 Royal é uma absoluta obra prima e possivelmente o melhor JRPG feito até à data seja pelas suas mecânicas, pela sua história, banda sonora ou, mais que tudo, pela forma como todos esses factores se conjugam para culminar num resultado final que é melhor do que a soma das suas já brilhantes partes.

Plataforma: Playstation 4
Editora: Atlus
Estúdio: Atlus P-Studio

E são estas as minhas 5 sugestões de JRPGs para vos ocuparem muito, muito tempo. Têm outras? Digam-me via Twitter ou Facebook.