Hyouka

Hyouka

“Oreki Houtarou não gosta de fazer coisas que lhe parecem ser um desperdício de energia. No entanto, as coisas começam a mudar quando ele entra na escola secundária pois apesar de ele não querer participar em nenhuma das actividades extra-curriculares opcionais, a sua irmã mais velha pediu-lhe que ele entrasse no clube de literatura clássica actualmente sem nenhum membro para evitar que este seja extinto.

Ao mesmo tempo, e sem ele saber, uma outra aluna da escola, Chitanda Eru, já planeava juntar-se ao clube resolvendo esse problema. No entanto, ao invés de se ver livre das obrigações de um clube, Houtarou eventualmente decide juntar-se ao mesmo já que ele se vê estranhamente incapaz de recusar ou escapar do olhar apaixonado e curioso de Chitanda.

Em conjunto com os seus amigos Satoshi e Mayaka, eles começam a discutir um sem número de mistérios escolares que só Houtarou parece capaz de resolver, incluindo o mistério que apoquenta as memórias de infância de Chitanda.”

ANN

Quem me conhece ou segue aqui o blogue certamente já percebeu que eu tenho um fraquinho pelo estúdio de animação Kyoto Animation. Quer dizer, “um fraquinho” é eufemismo, sou mesmo um grande fã do trabalho deles. Já aqui falei um pouco do supra sumo que é K-On!, bem como de uma das minhas séries favoritas de sempre Clannad, mas há muito mais obras do estúdio sobre as quais poderia escrever um sem número de linhas de texto e, no final de contas, acabo sempre por falar de outra coisa porque é mais fácil criticar do que louvar algo do qual gostamos. É por isso que tenho tido este artigo sobre Hyouka aqui na lista de afazeres, sem exagero, há uns bons 6 ou 7 anos.

Nos idos de 2012 já o acima mencionado estúdio tinha terminado o filme de K-On, a obra prima que é O Desaparecimento de Suzumiya Haruhi e nos tinha entregue a brilhante comédia que é Nichijou. Como consequência do tremendo sucesso que as adaptações do estúdio tinham tido, a decisão tinha já sido tomada de procurar comprar os direitos de histórias directamente e tomar 100% de controlo das produções ao invés de estar refém de grandes editoras como a Kadokawa. Esse é o rumo que o estúdio tomou na última década na grande generalidade, porém, mesmo no fim, houve tempo para a equipa pedir à Kadokawa para adaptar uma obra dos quais vários elementos do estúdio eram grandes fãs. Essa obra é este Hyouka e o resultado final é possivelmente a magnum opus do estúdio até à data.

Hyouka é a adaptação de uma série de romances da autoria de Yonezawa Honobu pela mão do estúdio de Kyoto com o argumento a cargo de Gatoh Shouji (o autor de Full Metal Panic e Amagi Brilliant Park) e sob a direcção de Takemoto Yasuhiro (Full Metal Panic: The Second Raid, Fumoffu, Lucky Star, O Desaparecimento de Suzumiya Haruhi, Miss Kobayashi`s Dragon Maid). Este último uma das infelizes vítimas do incêndio que destruiu a sede do estúdio no passado ano de 2019.

Com este elenco por trás o que acabou por chegar aos nossos ecrãs foi uma série que apresenta uma criatividade visual que só veio a ser suplantada por obras mais recentes como Violet Evergarden. Já é marca da Kyoto Animation ter fundos extremamente detalhados e um uso impressionante de efeitos como profundidade de campo para acentuar as cenas, em Hyouka isso é aliado a pequenas explosões de surrealismo que acompanham os momentos mais descritivos do diálogo.

A curiosidade de Chitanda é cativante

A curiosidade de Chitanda é cativante

Em cima desta excelente qualidade técnica temos os personagens que possuem mais profundidade do que as suas descrições parecem ter à partida. O grande foco da série é na interacção entre Oreki, um rapaz que é a personificação da preguiça e que só consegue justificar despender energia para a poupar no futuro, e Chitanda, a rapariga de olhos lilases que possui uma curiosidade insaciável e que consegue na sua inocência fazer Oreki perder a concentração. Eles são os principais membros do clube de literatura e o seu dia a dia acaba com Chitanda a ficar curiosa com algum mistério que Oreki vai ser forçado a resolver com a sua capacidade de dedução.

Não se enganem: apesar desta descrição não há nada de sobrenatural aqui nem grandes clichés de comédia romântica, apenas um pequeno grupo de personagens no seu dia a dia que acaba por envolver pequenos mistérios como quem colocou um estranho papel no quadro da entrada da escola a chamar para um clube inexistente ou como é que Chitanda conseguiu entrar numa sala trancada à chave sem possuir a mesma. Hyouka é isto, uma série que vive dos pequenos momentos, dos pequenos mistérios do dia a dia e do sentimento de estar preso na monotonia do quotidiano.

No final disto tudo estou a recomendar a série? Não necessariamente. É uma série que não é para todos. Tem um ritmo pautado, é tudo menos bombástica, leve em drama e pouco exuberante. É visualmente interessante, tem personagens curiosos e curiosos de observar e tem um enredo francamente acima de 99% das séries de animação japonesa.

Veredicto: Imperdível pelos fãs do estúdio e por aqueles que se interessam pela animação nipónica. Para todos os outros fica a dica: ver o primeiro episódio não custa e ficam logo a saber se é para vocês ou não. Se estivéssemos em 2012 era imperdível, agora Violet Evergarden faz 4/5ºs melhor.

  • Imagem: 9/10
  • Som: 9/10
  • História: 8/10
  • Personagens: 9/10
  • Nota Final: 9/10
  • Hyouka
  • Oreki Houtaru
  • Chitanda Eru
  • Fukube Satoshi
  • Mayaka Ibara
  • Irisu Fuyumi