Animes que marcaram – Parte 1

Uma das razões pelas quais tenho andado a escrever tantos artigos longos a avaliar e categorizar os meus animes favoritos ano a ano é porque pensei para mim mesmo que queria deixar por escrito as minhas opiniões. Queria ter por escrito a minha opinião por algo que tem ocupado uma grande parte do meu tempo livre desde que comecei a seguir o meio regularmente algures durante os primeiros anos do século XXI.

Durante esse processo, e ao organizar algumas das minhas notas, encontrei uma lista que tinha compilado há alguns anos atrás de séries e filmes que, na minha opinião, foram extremamente influentes para meio como um todo e isso deu-me a ideia de a aprumar e publicar por aqui.

Este artigo vai estar dividido em várias partes:

  • Nesta primeira parte vou correr por alguns títulos influentes situados maioritariamente na década de 1980.
  • Na segunda parte vou analisar títulos da década de 90
  • Na terceira, previsivelmente, vou falar na primeira metade da primeira década do século.
  • A seguir vou falar de séries de 2006 em diante
  • E por fim séries de 2009 para a frente.

As divisões não são arbitrárias mas sim baseadas na minha experiência do meio e em certos títulos chave que saíram em cada um daqueles intervalos temporais.

Posto isto vamos ao artigo.

1980s – Os clássicos

Não vou fingir que seja um grande conhecedor do que existe no meio da animação nipónica antes do advento de Neon Genesis Evangelion mas existem várias séries da década de 80 que foram marcantes o suficiente para até eu os conhecer.

Estas são séries que marcaram os primeiros anos da minha infância. Aqueles títulos que, mesmo sem eu me aperceber, plantaram a semente que me levaria um dia a tornar este meio num dos hobbies pelo qual tenho mais dedicação e paixão e que me levaram a escrever artigos como este.

Posto isto, vamos à lista:

Doraemon (1979)

Doraemon (1979)

Esta é a série mais antiga desta lista e algo que não precisa de muitas apresentações. O gato cósmico azul marcou não só a minha infância como aquela de muitos outros que me são próximos bem como um sem número de crianças que foram e ainda hoje são influenciadas por esta série marcante. É genuinamente impressionante como esta série continua ainda hoje em produção e devem existir poucas pessoas no mundo que não foram expostas, mesmo que de forma momentânea, ao gato do futuro.

Doraemon não é apenas uma manga ou uma série de TV mas sim um fenómeno cultural partilhado por múltiplas gerações.

Macross (1982)

Claro que no final dos anos 70 tivemos Mobile Suit Gundam a marcar o género Mecha e não quero sequer tentar explicar como essa série é absolutamente fundamental para tudo o que reconhecemos como Anime hoje. Enquanto Gundam trouxe os horrores da guerra para primeiro plano, Macross trouxe o poder da música a esse mesmo campo de batalha e criou uma série cuja influência é possivelmente ignorada por muitos fora do Japão.

É uma pena os direitos desta série serem um autêntico molho de brócolos no ocidente porque genuinamente merecia ser conhecida por muito mais gente.

Captain Tsubasa (1983)

Esta série é talvez um pouco pessoal para mim. Quer eu quer os meus colegas de escola crescemos a ver as aventuras e desventuras do titular Tsubasa (ou Oliver como o conhecemos em Portugal). E, dada a posição do Futebol como autêntica religião no nosso país, era quase inevitável que uma série sobre o desporto rei fosse colar quase todos os miúdos da minha geração à televisão para ver como iria terminar o próximo jogo.

Foi o primeiro (e quiçá o único) anime de desporto que verdadeiramente me cativou e a sua influência é inegável no meio.

Mobile Suit Gundam: Zeta (1985)

Mobile Suit Gundam: Zeta (1985)

Eu disse que não ia tentar sequer explicar como o primeiro Mobile Suit Gundam é uma referência inigualável no meio mas tenho pelo menos de mencionar a sua sequela: Zeta Gundam.

Para mim esta é a parte mais interessante do Universal Century. É em Zeta que os tons de cinzento presentes na primeira série são levados ao extremo e a série decide explorá-los com um pouco mais de profundidade. Existem múltiplos lados no conflicto e nenhuma das facções está sempre 100% certa ou 100% errada. Alguns são fáceis de odiar, outros estão apenas perdidos e cometem erros pelas melhores razões… E em cima disso tudo o eterno vilão da série Char Quatro Bajeena tem uns óculos escuros dignos de um Tom Cruise no Top Gear. Absolutamente fantástico!

Para mim Zeta tem um enredo com bastante mais profundidade do que a série que a precedeu e o facto de ter animação muito mais fácil de digerir pelos padrões modernos torna-a bem mais fácil de recomendar. Foi também a primeira série de Gundam realmente popular na sua emissão original já que a primeira temporada foi salva por donas de casa (true story!) e pelos filmes que compilaram a história para o cinema.

Dragon Ball (1986)

Sou o primeiro a admitir que não sou um dos maiores fãs do Dragon Ball original. Adorei-o claro (quem da minha geração não o fez?), especialmente quando a história chegou ao arco da Legião Vermelha e a história evoluiu para além da mais simples aventura em busca das bolas do dragão que veio antes, mas nunca fui fanático pela série.

No entanto a importância da série da autoria de Akira Torayama é inquestionável e é bastante difícil encontrar alguém no mundo que não tenha ouvido falar de San Goku e das suas aventuras.

Saint Seiya (1986)

Saint Seiya/Os Cavaleiros do Zodíaco (1986)

Admito que não me lembro de muito d’Os Cavaleiros do Zodíaco. Foi uma das primeiras séries de animação que vi enquanto miúdo e na minha memória é profundamente mais épico e tem um aspecto bem mais bombástico do que na realidade.

É verdade que esta série está recheada de nostalgia para mim mas não levem isso como um ponto negativo já que Saint Seiya é genuinamente uma das séries mais influentes do meio. É influente o suficiente para novas séries financiadas pela Netflix ainda hoje!

Juro um dia sentar-me a rever esta série do princípio ou fim mas hoje não é ainda o dia.

– Nasce este vosso humilde escriba (1987)

Gunbuster (1988)

Gainax é um nome que não precisa de muitas apresentações e é também um estúdio que ficou conhecido pelo chamado Gainax Bounce e esta foi a série onde esse último ponto se tornou verdade.

E no entanto isso é uma mera nota de rodapé naquela que é uma série que influenciou um sem número de obras no meio e é inquestionavelmente um clássico do género.

Gunbuster criou o padrão de poder crescente e de foco no bombástico pelo qual o estúdio, bem ou mal, ficaria conhecido no futuro.

Resumindo muito brevemente: em Gunbuster temos um enredo que cresce até atingir dimensões galácticas e que vê alguém ir de um mero zé ninguém para salvar o universo numa escala temporal que tende para o infinito. É uma série fantástica e genuinamente digna do pedestal onde o estúdio e muitos dos elementos da sua produção foram colocados durante muitos anos.

Akira (1988)

Akira (1988)

Aqui está outro nome que não precisa de grande apresentação. Akira é uma das obras cyberpunk mais conhecidas no meio, um dos filmes mais marcantes de sempre e absolutamente digno de ser visto pelo menos uma vez.

Eu pessoalmente nunca li a manga mas acredito quando me dizem que é ainda mais marcante do que o filme.

Duvido que haja alguém que questione a posição de Akira como um filme de culto.

Dragon Ball Z (1989)

Não fui mega fã de Dragon Ball, isso já admiti aqui, mas fui um completo fanático da sua sequela como quase todos os miúdos que fazem parte da minha geração.

Dragon Ball Z foi um fenómeno! Jogávamos ao faz de conta no recreio, toda a gente tinha t-shirts com o Goku, o Vegeta, o Freeza entre outros… Havia bonecos, os filmes nos cinemas ao lado dos últimos lançamentos de Hollywood… Era genuinamente de doidos!

Toda a gente suspendeu a respiração para os últimos 5 minutos de Namek (que demoraram uns 5 ou 6 episódios de 20 minutos cada um mas isso não interessa nada) e ninguém queria perder o episódio depois da escola.

Também ajuda bastante a brilhante dobragem que tivémos em Portugal e que fruto da sua falta de meios conseguiu tornar algo que tinha tudo para ser um desastre num fenómeno de comédia cultural que ainda hoje tem impacto.

Sailor Moon/As Navegantes da Lua (1992)

Claro que, mesmo sem as circunstâncias da sua exibição em Portugal, Dragon Ball Z é ainda hoje um fenómeno por todo o mundo com inúmeros videojogos e até sequelas a surgirem com regularidade.

Bishoujo Senshi Sailor Moon (1992)

Aqui está outro dos grandes clássicos. As Navegantes da Lua marcou uma geração de raparigas (e não só) com o seu reinventar do género Mahou Shoujo.

É profundamente influente ainda hoje mas não posso dizer que eu seja a melhor pessoa para explicar o porquê. Fica aqui o meu reconhecimento dessa influência no entanto.

E aqui estão algumas das séries que mais marcaram o meio. São clássicos inquestionáveis que marcaram não só os inúmeros espectadores que as viram ao longo dos anos como também os director, animadores, escritos, etc que deram continuidade ao meio nas décadas seguintes e certamente continuaram a fazê-lo por muitos mais anos no futuro.