Mai-HiME

Mai-HiME

Tokiha Mai e o seu enfermo irmão mais novo, Takumi, receberam uma bolsa de estudo para se mudarem para a prestigiada Academia Fuuka.

A caminho da escola, o Ferry onde viajam torna-se no palco de uma batalha destrutiva entre duas raparigas empunhando poderes aparentemente sobrenaturais.

Este é apenas o começar dos seus problemas uma vez que Mai descobre que ela também possui estes poderes – os poderes de uma HiME.

ANN

Com os efeitos da pandemia de 2020 ainda a causarem impacto nas séries semanais vindas do Japão e com a fixação dos últimos anos da indústria em pessoas serem mandadas para outro mundo e adaptações das mais variadas light novels, decidi mover o ponteiro do relógio para os idos de 2004 para procurar uma série original do estúdio Sunrise (Mobile Suit Gundam, Love Live, etc).

Mai-HiME segue a titular Tokiha Mai, uma rapariga adolescente órfã que trabalha e estuda para proteger o seu irmão com problema de saúde, e os eventos que a levam a tornar-se envolvida numa misteriosa batalha para proteger “aquilo que lhe é mais precioso”. Pelo caminho somos brindados com as habituais cenas de comédia escolar, histórias de primeiros amores e de zangas entre amigos e batalhas contra seres sobrenaturais… O normal de qualquer adolescente de 16 anos portanto.

O que torna esta série digna de menção é a qualidade da sua apresentação (para a altura note-se, estamos a falar de animação de 2004), a história que tem contornos de tragédia grega e é claramente inspirada em clássicos como Fausto, ou a brilhante banda sonora a cargo da brilhante Kajiura Yuki. Músicas como esta Mezame são o tipo de peças que polvilham a banda sonora e quem a marcam no picos emocionais da história contrastando bastante com as faixas mais ligeiras que se encarregam de acompanhar os momentos mais ligeiros.

Mezame – Yuki Kajiura

Kajiura Yuki é também conhecida pelo seu trabalho nas bandas sonoras de séries como Fate/Zero ou Madoka Magica e as comparações a essas duas séries não se ficam só pelo acompanhamento musical. Sem querer estragar muito as surpresas que o enredo reserva, em especial para a segunda metade dos 24 episódios, é importante mencionar que nem tudo é um mar de rosas e que o futuro da humanidade e, possivelmente mais importante do que isso, o futuro do crescente grupo de HiME (o nome dado na histórias às raparigas com poderes sobrenaturais) entra em jogo e aliados vão virar vilões pelas mais profundas razões pessoais.

Kuga Natsuki

Kuga Natsuki

Admito que previ a principal reviravolta da história rapidamente nos primeiros episódios, especialmente depois da forma como o misterioso Nagi avisou a titular nos primeiros episódios de que lutar seria meter em risco “aquilo que lhe era mais precioso”. A série não faz grande questão de esconder que a resposta a essa questão não é necessariamente a mais óbvia à primeira vista mas a forma como esse risco se manifesta mais à frente e a forma como a nossa personagem titular é lentamente atirada por eventos que não controla para um beco sem saída está decididamente bem conseguida e é ainda hoje, mais de 15 anos depois da série sair, um excelente exemplo de como escrever este tipo de enredos.

Mas lentamente é capaz de ser o adjectivo correcto para utilizar aqui. A série passa uma grande porção da sua primeira metade a apresentar-nos o seu extenso elenco e a tratar o dia a dia das nossas personagens com alguma ligeireza e com uma boa dose de comédia romântica ao barulho. Existe sempre um sub-texto mais sombrio em plano de fundo e não passa muito tempo sem algo subtilmente nos lembrar que existe uma batalha sobrenatural à espera dos personagens.

Tokiha Mai

Tokiha Mai

Notem que esta lentidão, esta capacidade da série em lentamente expor o seu universo e os seus personagens, só é digna de menção porque hoje, em 2020, parece que qualquer coisa com mais de 13 episódios é excessivamente longa mas lembremos-nos que isto era apenas o normal há 15 anos atrás. E, sejamos justos, Mai-HiME tem um ritmo bastante melhor conseguido na sua história do que muitos dos seus contemporâneos (até Clannad, uma das minhas séries favoritas de sempre e também ela uma série de 2004, tem problemas de ritmo com a primeira metade da segunda temporada a ser particularmente lenta e julgada por muitos como supérflua).

No final de tudo foi bastante refrescante voltar a uma série que já por diversas vezes tinha visto recomendada como influência para outras obras mais recentes que apreciei e devo dizer que não fiquei de todo desapontado. Visualmente a série não fica muito a dever a séries mais recentes, a música pode parecer datada em alguns pontos mas claramente fica no ouvido (aquela música de abertura, para mim, já pode ser considerada deliciosamente retro) e o enredo continua a funcionar tão bem hoje como funcionava no início do milénio.

Veredicto: Uma obra profundamente influente, com muita qualidade e que pode por vezes ser esquecida por fãs que chegaram mais recentemente ao meio. Mai-HiME merece no mínimo uma vista de olhos, especialmente se gostaram de séries como Madoka Magica e querem outros exemplos do género.

  • Imagem: 8/10
  • Som: 8/10
  • História: 9/10
  • Personagens: 8/10
  • Nota Final: 8/10
  • Tokiha Mai
  • Kuga Natsuki
  • Minagi Mikoto
  • Tate Yuuichi
  • Munakata Shiho
  • Homura Nagi
  • Kazahara Mashiro & Himeno Fumi
  • Miyu Greer & Alisa Searrs
  • Fujino Shizuru
  • Kikukawa Yukino
  • Sugiura Midori
  • Yuuki Nao
  • Tokiha Takumi
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