Veio de boa família?
Crunchyroll
Sim!
Tem uma personalidade promissora?
Sim!
Todos os jovens de elite com futuros brilhantes acabam indo parar na Academia Shuchiin. E ambos os líderes do conselho estudantil, Kaguya Shinomiya e Miyuki Shirogane, estão apaixonados um pelo outro. Mas seis meses se passaram e nada aconteceu?!
Ambos são orgulhosos demais para confessar seu amor, e agora ambos estão brigando pra ver quem faz o outro se declarar primeiro!
A parte mais divertida do amor é o jogo da conquista!
Uma nova comédia romântica, sobre as batalhas intelectuais de dois estudantes de elite apaixonados.
“Declaração!
Quando te apaixonas por alguém declaras esse amor e entras num casal. Qualquer pessoa diria que isso é algo fantástico.
Mas estão errados!
Mesmo entre namorados existe uma clara dinâmica de poder!
Um lado explora, o outro é explorado,
Um lado é dedicado, o outro é alvo de dedicação,
Um vencedor e um derrotado!
Se estás a tentar viver uma vida nobre
Então não podes tornar-te num derrotado.
Amor é guerra!
A pessoa que se apaixona perde!“
Com estas palavras entregues pelo deliciosamente melodramático narrador da série começa este Kaguya-sama: Love is War! Pelas mãos da experiente A-1 Pictures chega-nos esta comédia romântica que deixou a internet de polvoroso. Desde danças a memes que persistem até hoje sem esquecer uma música de entrada que teima em não sair do ouvido, este anime partiu de uma manga super popular e estranhamente conseguiu não só atingir as elevadas expectativas como até supera-las em múltiplas ocasiões.
A história segue a titular Shinomiya Kaguya, vice-presidente da associação de estudantes do prestigioso colégio privado Shuchiin onde os filhos das elites do Japão vão todos parar.
Ao seu lado está o presidente da associação Shirogane Miyuki. Vindo de uma família bem menos afluente do que Kaguya, ele lutou pelo lugar onde se encontra agora.
Em comum ambos têm a ideia de que uma relação amorosa não é mais do que uma guerra com vencedores e vencidos mas as hormonas da juventude estão em alta e ambos estão claramente apaixonados um pelo outro. O campo de batalha está decidido e ambos vão entrar numa guerra de intelectos para fazer o outro confessar o seu amor primeiro e assim atingir a vitória!
Pelo meio outros membros da associação de estudantes e do corpo estudantil vão ajudando à festa como é o caso da secretária Fujiwara Chika, uma rapariga que nas suas boas intenções acaba por ser a personalização do Caos e faz descarrilar os melhores planos dos dois personagens principais.
Temos também o outro secretário Ishigami Yu que vive em pânico da personagem titular da série, ou Hayasaka Ai que para além de estudante e colega é também a empregada pessoal de Kaguya desde a infância. Haiasaka essa que mente tão naturalmente como respira sempre que for necessário para ajudar a sua patroa, mesmo que isso não seja exactamente o que a ingénua Kaguya pensa que precisa.
Com uma premissa que podia facilmente descarrilar para piadas semanais sem grande consequência, Love is War consegue manter um sentido de progressão e pelo fim da primeira temporada existe progresso real (ainda que medido em milímetros como expectável numa série deste género). A série eleva-se muito acima de tudo o resto que habitualmente habita o género ao entregar piada atrás de piada a um ritmo quase frenético que nos deixa a rir às bandeiras despregadas. O timing das piadas raramente falha e o trabalho dos actores é absolutamente fantástico com especial menção à Koga Aoi que faz a voz da personagem titular e que consegue fazer autênticas voltas de 180º no tom praticamente na mesma frase. Desde a voz fofa de rapariga apaixonada até à voz mais grave e poderosa de uma princesa mimada, esta actriz consegue entregar uma prestação digna de menção especial.
Mas não só do trabalho dos actores vive a série e no campo do visual estamos diante de um exemplo exímio do género. A forma como o realizador e o resto da equipa conseguiu traduzir as muitas expressões faciais que a manga já possuía e acrescentou inúmeras outras ocasiões dignas de menção são francamente algo que merece ser visto por apreciadores do meio e que serve também como uma excelente introdução para os curiosos. O uso da cor, os efeitos de pós produção como o uso de linhas de estática ou a forma como as linhas dos personagens têm falhas num estilo semelhante ao visto nas folhas de papel dos almanaques elevam esta produção a um nível bastante acima da média.
No campo sonoro o trabalho é mais subtil com alguns momentos brilhantes a sobressaírem pelo meio mas não quero com isto dizer que seja mau, bem pelo contrário. Mais uma vez o resultado aqui apresentado é francamente acima da média.
Existem no entanto alguns pequenos pontos negativos que podemos apontar nem que seja só para este texto não se tornar numa simples lista de elogios. O uso de narrador na série, dotado de um tom claramente no melodramático, funciona perfeitamente mas demora alguns episódios a se integrar a 100% na cadência da série e pode dar uma primeira impressão errada. Especialmente quando durante os primeiros episódios a série repete a narração da premissa quando isso não era de todo necessário (e apesar de ser algo presente na manga original, era algo que podia ter sido alterado para a adaptação).
A série tem também uma estrutura inspirada na estrutura do meio original com os episódios a serem compostos de 2 a 3 sketches diferentes. Isto pode em si ser um ponto negativo para alguns mas para esta série funciona bem no entanto o ritmo sofre um pouco em alguns episódios quando algumas das historias são esticadas um pouco demais. Isto é justificável dados os 12 episódios da série e a decisão tomada de parar a historia num ponto emocionalmente importante mas fez falta adicionar algo mais para evitar o problema. No entanto isto é algo bastante raro e que vai afectar mais ou menos dependendo de cada espectador. Para mim não foi muito relevante no entanto.
Uma coisa que não se pode criticar no entanto é o tratamento da relação entre os dois personagens principais. Seria fácil numa comédia deste género de voltar ao status-quo no final de cada historia mas Kaguya-Sama opta pelo caminho mais difícil e apresenta-nos com uma progressão lenta mas real na relação entre os dois personagens levando a um enredo com mais dimensões do que seria expectável pela sua premissa.
Veredicto: Kaguya-Sama: Love is War é uma das melhores comédias românticas dos últimos anos. Visualmente brilhante, entrega gargalhadas a rodos episódio atrás de episódio bem como uma relação entre os dois personagens principais na qual ficamos facilmente investidos. Investimento esse que é recompensado regularmente. Vivamente recomendado.
- Imagem: 9/10
- Som: 8/10
- História: 9/10
- Personagens: 10/10
- Nota Final: 9/10
Kaguya-sama: Love is War terminou a sua emissão no Japão em Março de 2019 e tem à data desta review uma sequela a ser emitida semanalmente no Japão. A primeira temporada pode ser vista legalmente através do serviço Crunchyroll