Anime Report – Verão 2011


Nichijou

Nichijou

Nichijou

Apesar do titulo sugerir uma historia do simples dia a dia da vida escolar (Nichijou – Vida Normal) o conteúdo é mais o oposto. A historia situa-se numa estranha escola onde se podem encontrar o reitor a lutar com um veado ou o braço de um robot a esconder uma torta. No entanto existem historias normais como criar um castelo de cartas ou fazer um teste para o qual não se estudou. O estilo é fofo mas mistura expressões extremas com sequencias de acção para pedaços de comédia surpreendentes.

Nichijou é o mais recente trabalho do muito bem cotado estúdio de animação Kyoto Animation, estúdio esse reconhecido por coisas pequenitas como Clannad, Full Metal Panic: The Second Raid ou A melancolia de Suzumiya Haruhi. Como podem então calcular as expectativas para esta série não estavam meramente altas, estavam na estratosfera, completamente em orbita. Especialmente quando a série surgiu logo a seguir ao estúdio ter batido todos os recordes possíveis e imaginários com a segunda temporada de K-On e o filme de “O Desaparecimento de Suzimiya Haruhi”.

É portanto fácil compreender porque é que ainda Nichijou ia a meio e já se falava que a KyoAni tinha perdido o seu “toque”. Nichijou é efectivamente um flop.

É engraçado eu estar a dizer isto uma vez que eu gostei da série mas há que admitir que foi um flop. As vendas estão em minimos históricos para o estúdio e as audiências também pelo que a ideia de que a KyoAni consegue transformar qualquer coisa em ouro está aparentemente deitada por terra.

Mas eu gostei da série e vou tentar explicar-vos porquê.

Efectivamente Nichijou começou mal. Os primeiros episódios pouco mais conseguem do que causar um pequeno sorriso no espectador e até sensivelmente a meio da temporada de 26 episódios esta é uma situação que se mantêm com raras excepções. Isto não seria mau de todo não fosse Nichijou uma comédia. Pior ainda: Nichijou coloca-se naquela área da comédia que nem todos apreciam e que é a comédia absurda ou, como diriam os nossos amigos anglo-saxónicos, o Nonsense.

Tecnicamente Nichijou demonstra todo o brilhantismo de sempre do estúdio: a realização está boa, a animação tem toques muitos momentos dignos de deixar qualquer fã de boca aberta e a arte dos fundos é, como sempre, extremamente boa. As personagens são tão fofas como qualquer personagem de K-On ou Clannad e o trabalho dos actores de voz é praticamente impossível de criticar. O que falta mesmo a Nichijou é mesmo argumento: o original não é simplesmente bom o suficiente para ser uma obra prima por muito boa que seja a adaptação. Nichijou estava condenado a ser uma série de nicho à partida.

Porém a escolha de um horário nocturno tipicamente reservado a séries apontadas aos Otakus ajudou a piorar a situação: o material pura e simplesmente não se coaduna muito com esse tipo de publico. Curiosamente a série está prestes a ser retransmitida num horário diurno para tentar captar novos fãs e pode ser que ainda se salve mas os danos à reputação da KyoAni e do seu “toque de midas” já estão feitos.

Mas eu disse antes que até alguns dos problemas da série ocorrem até meio da temporada e isso é exactamente verdade. Aqueles que aguentaram a primeira metade mais fraca da série foram brindados com aquilo que a Kyoto Animation faz melhor: uma comédia leve que apesar de raramente nos colocar a rir ás gargalhadas consegue ter momentos bons o suficiente para nos deixar bem dispostos no fim e isso a meu ver é bom o suficiente. Curiosamente os momentos emocionantes pelos quais o estúdio é famoso (em particular no final das temporadas) estão praticamente desaparecidos o que não é necessariamente mau mas que não deixa de ser um facto curioso.

Resta deixar também uma nota ás musicas de entrada da série: são totalmente LOUCAS! Mas loucas mesmo! Vejam por vocês mesmos: Hyadain no Kakakata☆Kataomoi-C e Hyadain no Joujou Yuujou (e já agora, ali só há uma pessoa a cantar e é um homem).

Veredicto: Nichijou nunca será uma série de massas como têm sido as ultimas do estúdio mas tem potencial para se tornar uma série de culto mesmo que ainda não o seja. Infelizmente não me sinto com confiança para a recomendar e isso reflecte-se na minha nota. Um conjunto tecnicamente brilhante não chega quando a historia não está lá e em Nichijou é exactamente isso que acontece.

  • Imagem: 8/10
  • Som: 7/10
  • História: 5/10
  • Personagens: 6/10
  • Nota Final: 6/10