Proposta 156 aprovada – e agora?

A proposta 156 que já mencionei aqui no blog foi hoje aprovada na assembleia municipal de Tóquio e entrará plenamente em vigor no próximo dia 1 de Julho de 2011 (com o período de auto-regulação das editoras a começar a 1 de Abril do mesmo ano). A grande pergunta que fica então na cabeça dos otakus é se isto significará de alguma forma o fim das séries que tanto gostam e a resposta é um peremptório não.

Não me entendam mal, não quero com isto dizer que a industria da animação japonesa não venha a ser afectada mas não é certamente o fim do mundo como certos sites mais sensacionalistas parecem querer transparecer.

Primeiro que tudo é preciso lembrar que esta lei aplica-se apenas à área metropolitana de Tóquio que, apesar de ser o grande motor do mercado, não representa a totalidade do país. Depois é preciso lembrar que a lei pode ainda ser contestada em tribunal pelas mais diversas razões se bem que a natureza do povo japonês é habitualmente uma de evitar o confronto o que torna tanto esta réstia de esperança quer uma possível intervenção do governo e do seu primeiro ministro acontecimentos relativamente improváveis. Por fim resta ainda saber se a lei vai ser efectivamente aplicada ou se não passa apenas de uma lei de fachada aprovada para satisfazer uma parte da população mais conservadora e que acabará a ganhar pós nos livros sem nunca ver grande aplicação pratica.

De Dan Kanemitsu chega informação que a contestação à proposta nos últimos dias foi forte colocando talvez a legitimidade ética da votação em questão porém de pouco servem vitórias morais se no fim do dia a proposta foi aprovada pelos representantes democraticamente eleitos pelo povo.

Para já resta esperar para ver os próximos acontecimentos e mais concretamente o que se vai suceder a partir de Abril do próximo ano. Há quem espere ver um reencenar dos acontecimentos dos anos 50 nos Estados Unidos da América que viram a industria da banda desenhada sofrer um grande rombo ás mãos do Comics Code Authority enquanto outros esperam ver os autores japoneses procurarem formas imaginativas de escapar à lei com argumentos mais inteligentes em contraponto ao que alguns vêm como excesso de frontalidade nas séries actuais.