Portugal e os stocks

Há uma coisa que anda a matutar na minha cabeça á anos a fio e é a mesma questão que vi colocada pelo @ruimoura no twitter ainda agora:

juro que continuo sem entender o porquê dos preços praticados em Portugal, não encontro qualquer tipo de explicação racional

Primeiro um pouco de contexto: esta pergunta é acerca dos preços dos videojogos neste nosso canto á beira mar plantado e como é possível encomendá-los do Reino Unido por uma fracção do preço que se paga no nosso país, muitas vezes com variações de preço que chegam aos 60% ou mais!

Deixem-me dar-vos apenas um pequeno exemplo. Nas imagens seguintes podem ver o preço, á data deste post, de um jogo saído neste ultimo Dezembro em duas lojas da mesma multi-nacional. A diferença entre elas é que uma é a versão britânica da loja e a outra a nacional.

Preço Assassin's Creed 2 na Game PT Preço Assassin's Creed 2 na Game UK

Resumindo:

Uma diferença de sensivelmente 25€ (20€ se contarmos com portes de envio) e este nem sequer é um dos exemplos mais chocantes pois quanto mais tempo passa da data de lançamento do jogo mais vão crescendo as diferenças.

Mas onde reside o problema? Será má fé dos comerciantes? Um cartel? Incompetência? Eu há muito que penso na questão e creio que cheguei a uma conclusão. O problema põe-se porque os gestores das lojas em Portugal são incompetentes pura e simplesmente.

Eu não tenho grande background de economia ou gestão, sou até bastante leigo na matéria, mas tinha na ideia que era mau manter produtos em stock por largos períodos de tempo. Fiquem com isto em mente enquanto eu descrevo o que se passa no mercado português dos videojogos.

O comerciante compra os jogos à distribuidora e coloca-os na loja com o P.V.P. recomendado (os habituais 75 ou 60€). Nos primeiros meses quem está disposto a comprar o jogo por esse preço compra o jogo, os demais ficam à espera de uma baixa de preço ou encomendam de países como o Reino Unido para aproveitar a actual força da nossa moeda em relação ás demais.

Os meses passam e o comerciante português nem pensa em actualizar os preços dos jogos que tem em stock deixando-os nas prateleiras à espera que os jogos vendam, coisa que obviamente não acontece uma vez que o comerciante Inglês entretanto já baixou o preço tornando a diferença ainda mais substancial do que à data de lançamento.

O comerciante português como quer assegurar um lucro fixo nos produtos que tem em stock não baixa o preço do seu produto mesmo quando são lançadas novas versões de baixo custo deste. Chega-se até ao ridículo de o catalogo da cadeia que é enviado nas newsletters e distribuído nas caixas de correio anunciar a nova versão quando nas lojas apenas se encontra a antiga ao preço de lançamento. Aconteceu-me por exemplo no mês passado ver no catalogo de uma certa grande cadeia que começa por “f”, acaba e “c” e tem as letras “na” no meio ver o jogo “Forza Motorsports 2 – Classics” anunciado por 18€ quando nas lojas apenas estava disponível a versão antiga por 60€ (devo dizer que ainda lá estava quando passei pela loja este fim de semana).

Resumindo temos uma situação de pescadinha de rabo na boca: o comerciante não baixa os preços porque não vende o que tem em stock e os clientes não compram porque o comerciante não baixa o preço.

A conclusão? Vamos ficar cada vez mais de fora da europa no que toca a videojogos porque as únicas coisas que vendem por cá são Singstars, Buzz e demais jogos “casuais” onde a clientela habitual não está habituada a encomendar online (muitas vezes nem sequer compara entre lojas em solo nacional).