Ubuntu, Google e o Capitalismo


O que se passa aqui hoje está resumido no segundo paragrafo deste meu artigo: Os developers do Debian estão ressentidos por os seus companheiros da Canonical pouco contribuírem para o seu projecto… Mas vejamos lá bem: não terão eles motivos para estarem ressentidos? Quantos de vocês conseguem entrar no site do Ubuntu e descobrir se este se baseia em Debian? É que ao contrario de muitas distros que regra geral apresentam subtítulos do estilo “A Debian based distro for…” o Ubuntu usa como subtítulo “Linux for human beeings” o que até representa bem o espírito da distribuição mas que oculta bastante as suas origens… Por esta falta de “credito” os developers do Debian sentem-se ressentidos mas muitos já atribuíram tal ressentimento ao facto de os actuais empregados da Canonical serem na realidade antigos developers do Debian que foram contratados para basicamente fazer aquilo que já faziam enquanto outros ficaram de fora… Simplesmente uma “dor de corno” como se costuma dizer em bom Português. No entanto a Canonical continua a afirmar que contribui para o projecto Debian e ninguém consegue mesmo desacredita-los porque eles realmente contribuem mas, tal como a apple no caso do KHTML, fazem-no em tamanhos gigantescos e com correcções muitas vezes desactualizadas.

Outro problema é também que muitos dos actuais empregados da Canonical continuam a estar responsáveis como voluntários por importantes pacotes do Debian o que eventualmente leva a acusações de que a primeira está a tentar impor um ritmo de desenvolvimento ao segundo mas pensemos bem: é assim tão mau? Foi assim tão negativa a influência da Canonical no que tocou á migração do Xfree86 para o X.org 7.x do Debian? E olhando para o aspecto global será assim tão assustador que empresas como a Google ou a Canonical estejam a fazer dinheiro fornecendo serviços paralelos pagos para produtos gratuitos de elevada qualidade que eles próprios desenvolvem com uma equipa de profissionais ao invés de voluntários? Será assim tão difícil de dar o benefício da dúvida a estas empresas? Eu pessoalmente acho que não e como tal vou continuar a usar os seus produtos pela sua elevada qualidade mas ao mesmo tempo continuarei a bater palmas sempre que alguém tentar criar uma alternativa quer seja ela no espírito voluntário e gratuito do Debian, quer seja ela no espírito gratuito mas corporativo do Ubuntu.

No fundo acho apenas que se gerou uma elite em torno do Debian e essa mesma elite agora vê ameaçada com uma muito real possibilidade da “sua sagrada distribuição” (como alguém disse no OSNews.com) deixar de ser exclusiva daqueles que a entendiam e que conseguiam pesquisar pelos muitos emails das listas para perceber como configurar algo tão simples como o servidor X. Sim hoje o Debian já não é composto apenas por pessoas cuja única resposta é “RTFM” mas a verdade é que o foi durante anos o que sempre a isolou um pouco do resto do mundo linux. O melhor sistema de gestão de pacotes é (ou foi) sem sombra de duvidas aquele fornecido pelo Debian com o seu apt-get mas essa força sempre foi muito abandonada por a distribuição tentar fazer tudo bem sem ser excepcional num único factor como outras distribuições (tal como o red hat ou o suse) conseguiam ser nos seus domínios específicos… Eu pessoalmente entrei no mundo do Linux usando o já extinto Corel Linux que era, até ao Ubuntu, o linux mais user-friendly que já experimentei e depois de uma tentativa de Suse (que desgostei) passei anos até voltar em força ao Linux experimentado o Debian e digo-vos que foi a coisa mais simples que jamais usei. Bastava o apt-get para instalar o que queria e na generalidade das vezes funcionava. É a maravilha que veio da actualização Woody -> Sarge que adicionou um excelente instalador ao Debian o que ajudou finalmente a tornar simples a instalação deste.

  • Luis Nabais
    2006/07/11 - 10:35
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