Geração do Vodka

Ao longo dos tempos têm existido varias gerações ou seja, e de acordo com o Dicionario Online de Língua Portuguesa, “conjuntos dos indivíduos da mesma época” e todas essas gerações têm tido factores determinantes desde a injustamente intitulada “Geração Rasca” (Disclaimer: eu não suporto em nada esta designação já agora) até á geração que viveu o período de ditadura fascista sem esquecer todas as outras antes ou depois.

Mas não é do conceito de Gerações que venho aqui falar hoje, venho sim falar sobre aquela que será possivelmente a minha geração, as pessoas que se encontram hoje entre os 18 e os 22/23 anos que são aqueles com quem tenho mais contacto, uma geração que eu começo a apelidar de Geração Vodka.

Eu não bebo, quem me conhece sabe que não toco numa gota de álcool pura e exclusivamente por opção e em que é que isso resulta? Resulta em ver toda a gente sair e divertir-se bebendo shots, cervejas e sangrias até perder de vista. Vejo em muito gente a vontade de “tirar o curso para arranjar um bom tacho”, vejo a vontade de não querer fazer nada para além do obrigatório, alunos de engenharia informática que ao entrarem ficam surpresos com a palavra compilador, pessoas que entram em informática porque parecia giro (isto é a minha experiência) …

Vejo pessoas para quem a vida politica nacional é uma seca, para quem as grandes questões são decisões como saber se vão ao Loft ou ao Buddah Bar, malta que considera um risco demasiado grande sair do país apesar de constantemente concordarem que o país está mau…

Estarei a ser excessivamente pessimista? Muito provavelmente. Estarei integrado num universo desfasado da realidade do resto do país? Não me cheira mas é perfeitamente possível no entanto continuo assustado com o futuro do país ao ver que são cada vez menos as pessoas a quererem tomar as rédeas, a quererem ser alguém preferindo tornar-se apenas mais um elemento do sistema porque o contrario dá muito trabalho…

Tudo isto devido a quê? Devido aos comentários que surgiram quando um colega blogger disse o que sentia em relação ás viagens de finalistas dos estudantes de secundário. Devido a pessoas que preferem dizer, assassinando o português pelo caminho, que os outros se colocam num pedestal porque “não bebem” em vez de admitir que só vão para sítios como lloret del mar para beber (e provavelmente outras actividades de cariz sexual).

Mas pronto, eu sou certamente um quadrado que não se sabe divertir já que prefiro uma boa discussão sobre a crise do BCP ou uma simples ida ao cinema do que uma noite com má música em altos berros e shots suficientes para levar alguém ao grego…

PS: Olhando para o que escrevi aqui pareço mesmo um homem de 60 anos preso num corpo de 20…

  • Luis Nabais | 2007/12/30 - 00:32

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