Manifesto Ortográfico

Nota: Ultimamente ando mesmo do contra…

Há 20 anos atrás que se discute entre os povos “irmãos” de Portugal e do Brasil o famoso acordo ortográfico que promete aplicar diversas alterações à nossa língua materna mas eu, como Português nascido e criado em Portugal, que leu autores como Camões, Pessoa, Gil Vicente ou Miguel Torga, não consigo sequer começar a aceitar tão afamado protocolo.

Não, ninguém me convence a mim que todos os autores nacionais que acima citei e mais outros tantos que certamente deixei de fora estavam errados na sua forma de escrever Português… Ninguém me convence a mim que “húmido” se escreve sem H… Ninguém me convence a mim que um povo separado do nosso durante 500 anos está mais próximo de escrever correctamente a “nossa” língua do que todos aqueles que no seu berço viveram e ao longo dos anos escreveram…

Caso o tal acordo venha a ser adoptado pelo triste exemplo de governantes que temos boicotarei pois claro as suas alterações e não alterarei uma letra à minha forma de escrever. Não sou nenhum mestre da escrita, dou até bastantes erros de ortografia mas ninguém me convence a mim que aquela língua usada no outro lado do atlântico está mais correcta do que aquela passada por gerações neste pedaço de terra do velho continente…

Sou Português, vivo em Portugal, falo e escrevo Português, a minha língua materna, parte da identidade cultural do meu país, parte da herança que os meus antepassados deixaram e parte daquilo que torna o meu país naquilo que é… Não sou Nacionalista, acho que poucas razões dou para que me apelidem como tal, não sou sequer muito picuinhas no que toca à língua que uso mas no que toca àquela ex-colónia do outro lado do Atlântico não nutro grandes simpatias e menos ainda no que toca ao suposto “Português” recheado de estrangeirismos e “incorrecções” que teimam em escrever e espalhar pelo mundo…

Não somos nós, velhos originários da língua, os principais responsáveis pela sua posição nas cinco mais faladas do mundo actual mas creio que deviamos ao menos ter o orgulho em ter sido o seu país mãe e não deviamos deixar que ninguém nos queira ensinar a escrevê-la!

E para terminar, nas palavras de Almada Negreiros: “Morra o Dantas, morra! Pim!”

  • Luis Nabais | 2007/11/15 - 01:22

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