Abortemos irmãos

Com o referendo cada vez mais próximo e com a discussão a começar timidamente a abrir caminho por entre os jornais e telejornais achei por bem tentar passar por aqui as minhas modestas opiniões de rapaz de 19 anos sobre este assunto que tanta discussão promete: o referendo sobre a despenalização do aborto.

Denotem desde já e antes de continuarem a ler para adiante que eu reforcei a ideia de despenalização ao contrario do que um certo e determinado partido (leia-se CDS/PP) que teimava em tentar mudar a palavra de despenalização para liberalização subtilmente abrindo o caminho para uma manipulação de ideias que, na minha opinião, deve ser evitada a todo o custo!

Mas voltando então ao assunto em questão e passando então à minha opinião pessoal sobre a despenalização do aborto no nosso pais: sou totalmente a favor e se há algo porque peca esta medida é por ser demasiado tardia. Mas passemos então aos argumentos:

Sou a favor da despenalização porque reduz o risco que as actuais praticantes dessa pratica incorrem quando recorrem a parteiras e médicos mal-intencionados e gananciosos que efectuam esta pratica em vãos de escadas deixando centenas (se não milhares) de mulheres em sério risco de vida.

Sou a favor da despenalização do aborto porque depois estas mesmas mulheres que se vejam forçadas a efectua-lo poderão fazê-lo em segurança seja em clínicas e hospitais privados seja em hospitais públicos (não que eu defenda que estes os devam fazer mas já ai vamos).

Sou a favor porque prefiro que se aborte do que se traga uma criança para um mundo ou não vai conhecer o amor de uma mãe ao ser abandonada, a um mundo onde não vai conhecer um dos seus pais, a um mundo onde conhece os pais mas estes não têm dinheiro para a suportar, a um mundo onde é vitima de maus tratos…

Sou a favor porque a despenalização do aborto deixará de levar mulheres a julgamentos pelo crime de “aborto”. Sou a favor porque esses mesmos julgamentos deixam de ter julgamentos paralelos em praça publica.

Sou a favor da despenalização porque não deixo que misturem o direito à vida com a despenalização do aborto visto que tal não está aqui em discussão: uma pessoa pode ser completamente contra o aborto e mesmo assim ser a favor da sua despenalização por todas as razões que eu citei acima.

E por fim quero dizer que não sou a favor do aborto mas também não sou a favor do mesmo e que apenas me pronuncio sobre a sua despenalização porque, não sendo eu uma mulher ou um medico, não considero que seja meu direito sequer ter uma opinião sobre esse acto que jamais em circunstancia alguma virei a sequer necessitar de efectuar pessoalmente. Não me afecta a mim directamente por isso terei meramente de respeitar as opiniões e e apoiar as acções das mulheres que o efectuem (ou não).

Vou deixar também a minha opinião já que acho que o serviço nacional de saúde não deveria ter a obrigação de efectuar os abortos a toda a gente pois acho que isso seria, à semelhança do que foi a pílula do dia seguinte, uma forma “fácil” dos casais mais novos ignorarem por completo a contracepção tradicional em prol de um aborto rápido no centro de saúde ali da esquina mas também já ouvi razões mais que suficientes para o serviço nacional de saúde os efectuar e a principal delas é que todas as minhas outras razões se tornariam fúteis no momento em que o estado não oferecesse o “serviço” já que levaria novamente à situação do vão de escada ou das crianças sem pais para aquelas pessoas que não têm dinheiro para resolver a sua situação. É uma situação delicada cuja única solução real será a sensibilização dos jovens para os malefícios da pratica de sexo inseguro.

E por fim a minha opinião sobre o próprio referendo é que acho que se este ganhar será por uma margem bastante reduzida pelo que valores do estilo 60% a favor não me surpreenderiam em nada porque apesar de todos os avanços nos últimos anos Portugal continua a ser um país com muitas diferenças entre o litoral e o interior e não são meramente económicas como também sociais, e mais importante que tudo neste caso, a nível de mentalidades. É triste mas é o país em que vivemos e tudo o que pudemos fazer é dar o nosso contributo para que dia após dia esse fosso vá decrescendo.

PS: Para todos os estudantes do IST que me lêem passem pelo blog da lista O se puderem.

  • Luis Nabais | 2006/11/16 - 01:09

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